Rio de Janeiro, 2 de setembro de 1822
Pedro,
O Brasil está como um vulcão. Até no paço há revolucionários. Até portugueses revolucionários […].[1] As cortes portuguesas ordenam vossa partida imediatamente; ameaçam-vos e humilham-vos. O Conselho de Estado vos aconselha a ficar. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças se partirmos agora para Lisboa. Sabemos bem o que tem sofrido nosso país. O rei e a rainha de Portugal não são mais reis, não governam mais, são governados pelo mesmo despotismo das cortes que perseguem e humilham os soberanos a quem devem respeito […].[2]
O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com vosso apoio ou sem vosso apoio, ele fará sua separação. O pomo está maduro, colheio-o já, senão apodrecerá […].[3] Já dissestes aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois.
Marsilio Cassotti. A biografia íntima de Leopoldina: a imperatriz que conseguiu a independência do Brasil. São Paulo: Planeta, 2015, p. 183.
[1] N.S.: Supressão na edição-base.
[2] N.S.: Supressão na edição-base.
[3] N.S.: Supressão na edição-base.